Assinala-se esta quinta-feira [04.01.2024], o Dia Mundial do Braille, data que marca o nascimento de Louis Braille, o criador do sistema de leitura e de escrita cunhada com o seu nome, através do qual pessoas portadoras de deficiência visual conseguem ter acesso à educação, e por consequência, ver-se integradas na sociedade. O Braille é a forma como tocam as palavras e absorvem o seu sentido, o seu significado.
Louis Braille ficou cego aos três anos de idade e aos 20 anos conseguiu formar um alfabeto com diferentes combinações de 1 a 6 pontos, que viria a ser acolhido pelo mundo de fora a fora como uma solução adequada para as pessoas portadoras de deficiência visual. Ainda hoje, o Braille é usado como forma oficial de escrita e de leitura das pessoas portadoras de cegueira.
Especialistas ao redor do mundo reconhecem haver avanços dignos de celebração, embora exista ainda muito trabalho pela frente, numa altura em que um conjunto diversificado de itens, com realce para livros, folhetos, medicamentos, cd’s, dvd’s são impressos em Braille, facilitando a percepção de todo e qualquer conteúdo por via dos 64 sinais gravados em papel em relevo e combinados em duas filas verticais e justapostas, à semelhança de um dominó ao alto. A leitura faz-se da esquerda para a direita num sistema que faz recurso aos dedos de ambas as mãos, permitindo e facilitando, deste modo, uma comunicação mais fluida das pessoas cegas.
Actualmente, faltam ainda muitas obras para as pessoas portadoras de deficiência visual. De acordo com a União Mundial de Cegos – que representa aproximadamente 253 milhões de pessoas com deficiência visual de organizações em mais de 190 países -, cerca de 5% das obras literárias no mundo são transcritas para braille, nos países desenvolvidos. Nos países menos avançados, apenas 1% das obras é transcrita.
Em Angola, a primeira biblioteca para pessoas com deficiência visual no país está localizada, no Complexo da Cidadela, em Luanda. Gerida pela Associação Nacional de Cegos e Amblíopes de Angola (ANCCA), a biblioteca possui 225 livros físicos, mais de 50 mil em formato digital, 89 áudios, 40 “livros a tinta”, uma coluna com Inteligência Artificial e 124 livros em Braille.
A criação do Braille representa para os portadores de deficiência visual, o ponto de viragem após longos anos de marginalização. Dados da Organização Mundial da Saúde indicam que cerca de 314 milhões de pessoas no mundo possuem algum tipo de deficiência visual, das quais 45 milhões são cegas.
Em Agosto do ano passado, a Vice-Presidente da República, Esperança da Costa, visitou as escolas de Ensino Inclusivo do Rangel, 9001 do Benfica e 42 de Luanda, com o fito de conhecer a dinâmica, o funcionamento e organização destes estabelecimentos de ensino.